A morte me observa pelo seu interior. Sou argila nas mãos da poesia. Sou destino, se a poesia é mar. No mar, sonhos eternos cessam, dão lugar à imensidão no fim de mim. Meu fim é fim do fim. Não há ser nos teus olhos, há apenas um mar de sangue. A infância, já gasta de tantos sonhos, não se sente só em mim. Infância é seguir em frente. Viver é ser criança. Não existe morte na infância. A criança desvenda o tempo como um sonhar eterno. Sonhos são o infinito. Depois de você, poesias tristes definham, torturam-se, mas não consigo nem me ajudar, o tempo foi eu para a poesia, num amor que não existe, e, assim, ajudei a poesia, como um resto de mundo guardado para mim, para eu renunciar a mim, num tempo feliz. A alegria percebe quantas estrelas tem no céu, e para ela, cada uma é única. Tudo me sorri, é como sonhar. Nada se compreende vendo: compreende-se amando, sonhando, até o infinito. Meu ser sofre minha ausência. Ausência é o passado que jamais saiu de mim. Necessito sonhar como o céu necessita de sol. O fim do sol é o céu. Não se criou o céu sozinho perto de Deus. O sol nasceu do céu, o céu nasceu do sol. Não nasci do sol, sou espectro do sol, que arde de vida, de prazer, amor. O sol torna tudo mais lindo, alegre, vital para mim. A morte dança em meus olhos para ser admirada por mim. Eu acompanho cada melodia que cessa meus olhos para que eu viva. Observar não é ver: é ter o sol na alma!