Para que exista vida é preciso que, em algum momento, a vida não exista. Morrer como sensibilidade da morte é um privilégio. A alma é um abismo de flores. Morrer até o fim, cavar fundo a morte, ver se me cabe dentro dela. Ao desaparecer, a morte torna-se real, para que o fundo seja apenas o fundo, não a morte. Morte é lazer, vida é um dever, um ficar, onde meu ser já se foi. O desaparecer não tem ausência: é a presença da presença. Eu faço parte do sonho ou é o sonho que faz parte de mim? Sonhar para o sonho significa se despedir do sonho, sem nunca poder contar com a ajuda da realidade do ser. O ser significa tanto, que nada mais é para o sonho e para si mesmo.