Escuto as palavras no silêncio da morte. Começo a viver unindo a alma que partiu com a alma que chega em mim, sem permanência, sem adeus. A virtude da vida é o nada. Vivo o inconstante ausente. A alma não tem presença. A presença da alma existirá se ela morrer. Nada posso fazer pela alma, nem posso ser sua presença, por isso lhe dou meu pensamento, por não pensar em ti. A tua ausência, alma, é o que me faz pensar, existir. A vida e a morte buscam a verdade espiritual, que não existe nelas. Buscam a verdade espiritual sem se refugiar nela. A essência ajuda a esquecer o nada e o amar ao mesmo tempo. O ser não se torna ele mesmo, nem mesmo ao morrer. O ser morreu, mas a palavra ser vai além do ser, é como se o ser nunca fosse perder sua essência. A palavra ser não morreu com o ser, mas o eu nunca foi uma palavra, uma existência. O amor nunca será um ser. O amor, mesmo na inexistência, não se manifesta. O nada não espera a oportunidade. O nada é a alegria espontânea, que brinca de ser, cultivando a vida no que penso ser: um ser. Deixa-me viver o que foi descoberto como ilusão. A ilusão é a eternidade. A eternidade de viver não me deixa viver. Vivo o inevitável sem eternidade. Amor, sem eternidade, não é amor. O amor é eterno quando se torna alma para amar. Deixo o eterno se eternizar em mim sem o fim. Mas o amor precisa de um fim, e eu de um começo. Isso é viver nas atitudes das palavras, que me escolheram como amor. Assim, amanheceu.