A memória marca a pele. Deixa a alma ficar vazando para não se esvaziar. A pele absorvendo a memória. A lembrança é um adeus à vida, assim nasce a memória: da morte presença. Lembra apenas da minha morte, não do amor que possuo. O sol, permanência da alma, não tem memória do meu desaparecer, como um novo sol. O antigo sol são puras lembranças, o novo sol são apenas flores. A lembrança é a minha realidade. A lembrança suando na pele com o riso solto no ar da aparência. A aparência é o esquecer. Me afasta da alma do meu sorrir. A memória da pele se torna eu, num momento de alma. A memória da pele é solidão. Mas a solidão não aceita a memória da pele, que não está em sua pele. Existiria sonho se a alma silenciasse a pele de prazer. A pele substitui meu ser com o meu amor, meu silêncio, minha vida, até que a pele sair por todos os poros. Sem lembranças, lembro da memória da pele, sem o abandono de mim. A memória da pele me fez esquecer. Me lembro sem pele, sem alma, apenas pelo amor que sinto. As memórias da pele reinventam meu ser no flutuar de ausências, onde sou feliz como pele sem memória.