Espumas do vento se misturam com as espumas da minha alma, transcende como o mar. Ir além de mim, do mar, para ver o mar, é me transformar no infinito. Apenas o infinito pode enterrar a morte. É quando o infinito deixa de ser eu e se torna vida. A vida se torna o infinito. O infinito que falta não está perdido, nem mesmo com a morte. O infinito separa o mundo real do mundo da ilusão. Eu não tenho a ilusão de desaparecer. Estou confinada e condenada a ser apenas eu. Não posso ser nem minha poesia, que nasceu de mim. Preciso saber quem sou sem mim. Falta emoção para o vento pousar seguro no céu. Vivo contra mim, contra minha insegurança apenas para chorar o nada de mim. O nada chora mais do que minha alma. Vida, seu mundo, meu mundo. O vazio sangra, não chora, o que devia dizer deixo a vida saber de mim. Nada posso fazer pela vida nem por mim, mas ainda posso amar. Amar a quem? Escuta meu sofrer. Preciso amar, me sentir amada. Nada vai te despertar. Minha morte é um sono infinito sem ausências, é saudade do que devíamos ser. O sono sente minha alma. Até mesmo o sono é distante de tudo, o sono é a vida. Estou alheia ao sono, à vida, mas estou alheia a mim, à vida. Mesmo no sono dormi, como uma semente sem terra para nascer. Pareço viva sem sono, o que perdi eram apenas sonhos que precisavam das minhas palavras para não ser perda. É inacreditável morrer. Morri, meus sonhos se tornaram meu corpo morto. Por isso, não se decompôs nem apodreceu. Meu corpo torna-se vida depois de morto. O silêncio torna-se canção, amor. O desespero calou a canção. O silêncio afundou em si, a canção tornou-se poesia. Então os abraços tornam-se eternos, sem sombra do passado, apenas silêncio e dor e o agora é morte, é confiança de um futuro.