Espero a morte na compreensão de tudo. É como se a compreensão de morrer fosse pior que morrer. Compreender é não aceitar a morte. Ver a morte é aceitar. Não compreendo como aceitei a morte. Meu eu fez da morte outro eu. Então não morri? Morri no adeus da morte. A morte não precisa ser uma despedida. Mas, ao redor da morte, quero apenas me despedir do que não pude amar, tentei, foi em vão. O possível tão perto que me angustia no meu corpo feito de sol. Sol nas palavras, na saudade para ser uma angústia boa, de sol, de alma, repleta, plena de mim. Se eu puder me angustiar, vou morrer feliz com a confiança de uma alma aprisionada na vida. Há almas que fogem do ser, para ter a vida do ser. Toda vida tem o mesmo valor, mas a vida da alma é sem valor. Mas a alma é digna sem valor. O entorpecimento do amanhecer tem o valor da alma em si. A própria alma não existe em si, para que tudo permaneça pelo sol do amor, dentro de todos nós. O tempo, a vida, somos nós, e nossos desencontros eternos por não morrer. Amar não é feliz. A esperança não tem tanta fé como eu. A leveza da vida, em cada ser tocável. As lágrimas tocam a alma. Amor, almas, que não se tocam que sobrevivem, como a fragilidade de sofrer. Alma, foste tudo: não conseguiu ser eu. Eu fui mais do que alma, do que ser: eu fui eu, mesmo se perder as mãos escrevendo, vou ser feliz como os meus sonhos sonhados com aflição. Que meus sonhos, um dia, sejam tudo que eu escrevi para ter liberdade de ser tão só como as perdas das minhas mãos. Falo para o vento, para o ar, não é o mesmo que falar para as minhas mãos: poesia de todas as poesias. O fim da minha alma está nas minhas mãos.