O outro alguém não ofusca o nada, apenas cessa a satisfação. O nada é penetrável apenas em outro alguém, alguém que chore comigo como se fosse a coisa mais essencial da vida. Quem sabe, ao chorar, eu lembre de ti. Eu amo chorar sem ausências. Minha ausência é tua alegria esculpida no silêncio. Nas trevas o silêncio é o único amigo. Converso com meu silêncio para não enlouquecer. O seu olhar me fez saltar da escuridão. Mas meu olhar saltou sem escuridão para o fim. Eu, com toda a minha luz, jamais vivi. Você teve coragem de viver, mesmo triste. Eu fiz da tristeza minha morte, sem romper sua escuridão. Sem você existo: com o nada ou sem o nada. Aprendi a conviver com a vida em palavras, no silêncio. No silêncio percebi que a vida sempre é alguma coisa. Nunca fui só, até minhas ausências são mais profundas do que morrer.