A alegria é o absoluto, como se fosse a alma a me dizer: fica. Fiquei apenas por este momento de ficar. Permaneci mais do que a permanência. Aprendi a sofrer. Sofrer é dizer sim à vida. O ser nunca está só, pensa. Pensar ocupa meu ser no meu ser, distrai a realidade do meu pensar. Amo um ser que é inexistente em mim, por isso, a alma não acredita que eu sinto. O sentir em mim pela alma torna a alma o desprezo de mim. Meu ser é diminuído pelo pensamento. O ser não pensa quando tenta pensar se destrói. A alma se encanta com o pensar. O amor basta para amar? E se o ser já nasceu como amor? O que falta no amor, para que ele aconteça? Como tratar o amor? Escrever é amar por mim mesma. A morte não cessa meu dom de escrever. Não consegui escrever sobre o silêncio, ele está dentro de mim. Amar o mar em silêncio é concretizar-me num sonho. O mar não quer que eu sonhe nele o que ele quer sonhar em mim: é mais do que ser, é a vida tornando-se mar. Perco os sentidos, não deixo de pensar no mar, que responde minhas insatisfações. Deixei meu amor no mar, como se eu fosse amanhecer. Quero fazer do mar um encontro com Deus: isso é mais natural que o mar, no mar que se vê infinito, pois assim quer parecer. Não sei o que o mar vê em mim. Assumir o sol, por causa do mar, é amor infinito numa tristeza infinita. Me deixa brilhar como se fosse o sol. Ficar só, como se eu fosse incendiar de solidão, que solidifica o amor, me enfraquece sem tristeza, como se eu pudesse ser feliz. Quero ao menos viver este instante, como se fosse a última poesia a despontar no azul do céu, assim, o azul do céu é para sempre céu, é para sempre azul. O céu não se perde no infinito de ser. Quem sabe que amo a vida como se fosse o azul do céu? O tempo eternizado pelo céu, não precisa contar os instantes. Pensa em mim pela luz do céu, iluminando Deus com meu simples amor.