Blog da Liz de Sá Cavalcante

Sombra da morte

A sombra da morte, oportunidade de viver. Você aparece, eu amo, como se descobrisse a eternidade de viver. Por que o amor não pode ser apenas eternidade de viver? O que me faltou por amor? O céu, as estrelas, não são eternos: são um espaço em branco, que vou preencher de amor. Nada se subtrai do amor. Ver com olhos de amar é nada ver. Há lembranças que fogem sem ver, não conseguem fugir de si mesmas, veem a si mesmas, não veem que faz parte da vida. Tudo são apenas lembranças, será para sempre apenas uma lembrança. Mas, ao morrer, as lembranças se tornam vida. A alma de uma lembrança é superior à minha alma. Não sei viver como escrevo. O superior à vida torna a vida transcendente. Não há vida na transcendência, a vida transcende mesmo assim. Transcender é irreal. Nem mesmo o ser ou sua alegria podem dizer o que é esse instante, não é de vida ou de morte, talvez sendo de ser este instante continue em nós. Não evito a realidade: torno-a luz, mesmo ela querendo ser a escuridão. Não esqueço a escuridão com a luz. Nada nasce na luz. Proteger-me da morte é meu fim, que não precisava morrer comigo. Morro apenas no silêncio cortante de viver.