As vidas que permanecem pelo amor esperam apenas amor da vida, são infelizes como vida, como amor. O amor, minha única percepção, percebe a vida pelo meu amor, que não é apenas meu. Amar, dando-se ao nada, ainda é amor. O conhecer do amor fez a vida se desconhecer. Esse desconhecer é o resto de nós. Não posso tomar o amor para mim, o amor é de todos. Mas todos não podem ser o amor, que o amor é por todos. Não posso informar ao amor minha existência: ele tem que a sentir e, quem sabe, amá-la? Amor não é sofrer. Amor é dar conta do que imagino. Imaginar é amor universal, a paz universal. Somente assim reconhecemos que somos como queremos. A paz sem paz é tão triste, como se fosse uma guerra. Ninguém pode transferir o amor para a realidade. O amor é sem a realidade. Tudo passa, o amor passa, ficam apenas lembranças: tristes ou felizes. O fim do amor é o ser. Tenho medo do fim do amor como meu amor. O medo significa que não é o fim. A morte é tão sublime, que não amanhece, torna o sol vazio em sua grandeza. Deixo minha alma visitar a morte, desde que volte para o meu amor: não é infinito, puro como a morte, mas é tudo que posso dar à alma.