Blog da Liz de Sá Cavalcante

Pequeno amor

Sem mim, o infinito da escuridão me apavora num finito amor, onde o amor, de tão pequeno, não foi esquecido. Se esqueci o amor na lembrança, é porque lembrar não é o amor. Amor vai além da lembrança, se repete apenas nas cinzas do amor. As cinzas do amor superam meu corpo, é mais do que corpo é alma. Alma que vive apenas nas cinzas do amor. Continuar a viver é impossível na presença do amor. É mais fácil viver na ausência, onde a falta de ser não precisa ser preenchida. O amor me deixa vazia. Amar é sofrer. Não sofrer é me dar ao amor. A relação de amor é sem amor? A ausência, falta de vida, pode ser a presença do amor? O amor faz falta ao amor? Faz quando é amor. O amor é minha solidão. Então o amor não é pequeno, é enorme, como alma de criança. O amor não está só, abraça a si mesmo. Assim como eu, quando criança, brincava e amava minhas ausências, perdas, e era feliz, eu escutava o meu amor, até no silêncio, por isso nunca fui só. Crescer é ser só. Falo para mim, o que não quero ouvir, apenas para ser só, afastando a tristeza, percebendo que ela não tem razão de ser, por isso, sou só, como se pudesse me escutar sem silêncio: é escutar com o olhar, onde a morte é uma criança que precisa nascer.