Desperdiçar a vida num único sentimento de sofrer me faz não perceber o sofrer que não é eterno. Esse sofrer que não é eterno pode ainda ser alegria. Afastar-me da vida para nada sentir me faz sentir mais ainda o amor, a vida. Quanto mais eu desperdiço o tempo, mais tempo há. Quando quero viver o tempo, não há mais o tempo. O tempo é a modificação do divino. Nada reage ao tempo. Não uso o meu corpo. Deixo meu corpo afundar no nada, ele rejeita o nada, fica boiando na vida sem mim, até meu coração se separar do corpo, no inseparável de mim. Afundar é nunca morrer. O afundar, tão inerte quanto meu corpo, não me deixa fazer meu corpo sofrer. Morrer é apenas sofrer. Meu corpo, alheio ao afundar, a minha sensação, não pode transformá-la em amor.