Blog da Liz de Sá Cavalcante

Meu desaparecer sem mim

Meu desaparecer sem mim em um aparecer ausente de mim. Se não apareço nem desapareço, é por estar viva. Para destruir a alma, apenas o amor. A alma, deteriorada, chora livremente seu sorrir. Sorrir, lembrança eterna que se foi, sem o amor da alma. Acostumei-me por não ter a lucidez da alma, a chorar simbolicamente, sem a verdade do sofrer. Sofrer é apenas o tempo de ser eu mesma. Escrever não justifica o sofrer. A escrita não espera pela eternidade para se concretizar, quando olho para o nada do olhar da poesia é porque a poesia penetrou-me na alma, e escolheu minha alma para ser só. Essa foi a última escolha em vida da poesia, tive que ter autonomia e viver sem poesia, até que ela possa renascer, ser totalmente minha. A espera da poesia é mais do que eternidade. Imagino o que uma poesia, estando viva, possa ser, mesmo sem ser eterna, é mais do que eternidade, é onde sofri. Agora quero a poesia na minha alegria, isso é saber que tudo muda pela saudade de ter sido. Quem sabe a eternidade da poesia apareça de novo como sendo minha tristeza? Tudo depende do meu desaparecer sem mim.