A ausência da alma é o amor em um abraço sem corpo, sem alma. Fugir da angústia vendo o sol é me tornar eternidade do sol. O sol tem o meu olhar dentro de si. Pela claridade sinto minha inconsciência absoluta, como sendo a falta de um abismo. A escuridão é o vazio que não chega até a inconsciência. O vazio é uma alma aberta ao amor. Vou morrer até o fim do morrer. Desde que sinto meu corpo como alma, é como se esse não morrer fosse amor. Morrer é ter um corpo em mim. Nasci sem corpo, sem precisar ser mutilada na existência de um corpo. Nada vai te faltar na minha alma. A vida me deu o sol, como sendo a minha vida, já que não pode ser minha vida. Há vidas e vidas entre o abismo do céu com o fim da humanidade. Algo em mim, por mim, sem o amor: essa é a liberdade de me ver na liberdade. Não existe liberdade sem morte. Morte é ficar para sempre em mim. O silêncio engrandece a alma com minha morte. Escrever lembranças, reavendo o nada como lembrança absoluta. Tenho lembranças de você que surgem pelo nada da minha vida. Sem o nada não há lembranças. O nada foi minha melhor lembrança, meu melhor respirar. O nada faz parte da minha alma, do meu amor. Amor que, sem alma, resiste à morte. A morte é a alma que permanece, como uma estrela sem brilho. Brilhar em mim é como não ser mais nada. Vida, deixa minhas lágrimas serem tua alma. Choro sem alma agora, sendo feliz. Sem ser tua alma, o que vai ser de mim? Alma sem morte, se a palavra me faltar, para que eu possa morrer no silêncio sem palavras que criei para poder morrer. Morri como se eu pudesse te ver ao menos na minha morte.