Blog da Liz de Sá Cavalcante

Como é bom esse nada de ser

Separar-me do nada é me separar de mim. Enquanto me separo do nada, meu ser se une ao nada: eu e meu ser somos diferentes. A diferença não se baseia em cicatrizes da vida. Quero agradecer até pelo que não posso agradecer. Desmembrar meu corpo, me mutilar para ir até o meu corpo. O corpo se abre em alma. Deixa de ser corpo sem morrer. Nada permanece alma, nem mesmo a alma. Não sinto meu corpo. Sinto o vazio do nada como sendo meu corpo. O corpo não esquece sua alegria. Eu posso esquecer a alegria do corpo em mim pelo meu sorrir. Tua alegria me esqueceu dentro do meu corpo. A vida serve para os momentos sem vida, que é apenas a ausência do nada em forma de saudade. Morta, a vida não se parte ao meio. Tudo ou nada, depende do que amo.