Eternizar o vazio é como ser. É como ser que deixo o vazio ser a vida. O vazio é eternizado no esquecimento. O esquecer lembra do vazio, mas não lembra de mim. O vazio me preenche sem morte. A essência é o meu fim voltando a mim. O fim é fiel, mais fiel que a vida. O esquecimento não é mais eterno, é fiel. A lembrança é o único adeus que quero sentir partir. Lembrar é viver o adeus sem lembranças. A lembrança, esqueço na lembrança o respirar, é o tempo da alma, tão inesquecível, raro, o tempo, nas dores que vivi. Sofreria, viveria tudo de novo. Embora isenta do tempo, ele é tudo que sinto, tudo que sou. O tempo necessita de si mesmo para haver vida. Não importa em qual tempo o tempo está em minha vida, o que importa é que me fez viver. Sempre serei a mesma coisa no tempo em mim. Posso ocultar, esconder meu respirar de mim, mas não posso negar o tempo que não vivi. Eternizar o vazio é descansar no tempo submerso, vazio que não se vê, me vê sem ele. O tempo tentou se realizar em mim. Meu único tempo é o de escrever. Nesse tempo eu confio. O tempo é apenas uma forma de viver. Eu conheço o tempo inexistente como sendo uma luz que gruda no olhar. Não sei mais o que é luz e o que é olhar, mas sei que estou comigo no interminável do meu ser.