Blog da Liz de Sá Cavalcante

Quando o vento para

O vento frio não congela a alma na minha febre de existir. Se o vento amparasse a morte na febre de existir, assim como o céu é das estrelas, que faz o tempo parar. O vento partindo, dando-se ao céu. O calor humano é frescor da alma. A alma quer viver sem o corpo, afastada de tudo que a faz viver, não se martiriza como a paz concebida sem alma. O início, o fim, não se misturam com a alma. Separam-se sem o agora. A alma, consideração que o meu ser tem comigo. Memória e tempo entram em conflitos, como se pudessem viver o vazio. O tempo e a memória, unidos, são vazio eterno sem solidão. Nada substitui a eternidade, sem tempo, sem memória. A memória para mim é a alma desse instante vazio. Nada há para o instante vazio que é todo o meu ser. Vivo o vazio como concretude de tudo. A concretude é dura como a vida, fluida como a morte. Flui, morte, salvação do nada, obstinação da alma. Se eu pudesse cantar, vida, o teu sorrir, o sol seria eterno. Descansa, sol, como se não houvesse vida, houvesse apenas tua luz, que nunca foi falta de mim. Sorrir despedaça o céu, eu o vejo em tudo, em nada. Recriar a vida no sol. Quando o vento para, a vida me sorri sem a luz do amor. Nada é mais do que luz transcendendo na luz disponível, tão frágil quanto viver na escuridão. O adeus transcende no ser, mesmo sem o sorrir da vida.