Blog da Liz de Sá Cavalcante

Mansidão

Permanência distante para mansidão da vida. A vida torna a permanência mais distante do que o amor. A vida tem sentido na sua perda. O silêncio da vida pertence ao nada, memória eterna de depois. O depois me deixa sem o amanhã. O adeus é o amanhecer, são todos sem nenhum ser. A alma entre mim e eu, é como a lagoa sem o mar. A permanência de tudo pode morrer pela atenção que a vida lhe dá, torna a permanência sem permanência. Não há dor, mas há permanência, onde os instantes vazios se fazem ouvir, se fazem sonhos, por escutarem a vida. O fim da existência não escuta o clamor da vida, que é a superfície do nada, distante de tudo, por isso, intenso, profundo, sem a nostalgia do respirar eternizado. Nada foi perdido ou conquistado na vida. A vida é a expectativa do nada em não viver. Assim, o silêncio infinito se perde na imensidão do nada. No nada, nada é de ninguém, mas se torna alegria de todos. A alegria é a vida de todos, mas a alegria não sente nossas alegrias, mas é feliz em nos ver felizes, como se o nada fosse despertado pelas nossas alegrias, que somente pode ser esse agora. Por que não somos sempre felizes? Mas, aí, não haveria alegria nesse agora. Alegria nesse agora. Alegria sem amor não é feliz. O agora é o amor, a alegria, necessários para que este agora seja nossas vidas, refeitas ou não em ser. Nada se esconde da solidão. O nada nega a solidão ao morrer. Nada desliza no nada. Sem substância, matéria ou corpo, o nada desliza em si, esquecendo-nos. Senti-me menos eu sem o nada, ficou um vazio. Admiro o vazio pela lembrança do nada. Esqueci-me lembrando do nada, da falta do mar, do significado de escrever para o nada, que é o tempo, com saudade deste agora, por isso, escrevo com saudade do tempo, mas a ausência do tempo acalenta minha alma, faz-me viver. Não sinto saudade, sinto saudade quando leio o que escrevi, o quanto cresci em mim sozinha, o quanto eu tinha saudade de mim. Por mais incrível que pareça, libertando-me de mim, permaneci em mim eternamente, mas nunca mais só.