A alma não é o silêncio, não se reconhece no silêncio. Saber é uma ausência feliz, penetra na ausência da alma, como uma falta que absorve o silêncio sem alma. O amor rompe o silêncio, faz a alma entrar na vida. O amor não cessa a falta, mas dá um lugar para a falta. Faltas são vidas que não foram perdidas. Não há ser no meu ser, mas há amor no meu ser que fala mais do que o silêncio. Meus pensamentos não podem me fazer feliz. Quero ficar sem pensamentos, como sendo a minha alegria depois do mar, que é apenas saudade, sem olhar para o que passou. A alegria é o mar na imensidão do nada. Tudo que eu podia ser ficou no mar, sem faltas, sem ausências. Não olhar é não dizer adeus, para nada silenciar. Não olhar é me reconhecer como este olhar na falta de mim. A alma não resiste ao tempo sem o seu fim. O olhar se vê apenas no sonho. A realidade não vejo, pois ela já existe. Existe não como realidade, mas como eu a amar.