Terminar com a alegria da ausência é morrer antes que a ausência cesse, no abandono das minhas mãos, que escrevem até perder os sentidos e desabarem com o meu peso emocional. Mãos que escreviam como se as mãos fossem apenas para escrever. Eu sorri nas palavras, consegui chorar nas palavras, mas não consigo ser eu nas palavras, embora tenha lhes dado a vida. As palavras me definem em sonhos. Morte, leve uma pluma que desaba a ausência que agora é leve. A liberdade é o nada. É preciso fazer algo pela liberdade, sem ser livre. A alma aprisiona o pensar, mas o pensar não depende da alma para pensar. Sorrir é um pensamento raro. É inesquecível esquecer. Esquecer é ter a mim ausente. A ausência é a fala do nada. Algo é a incompletude ausente da ausência. Ausência é ter alguém que me faça ausente. Nada fica na ausência, tudo é ausente. Tem ausências que consolam. Tem ausências que se mostram, outras se escondem. A ausência é mais natural do que a natureza. Tudo flui na ausência. A beleza da ausência é a morte. A morte flui sem ausências. Apenas o sorrir é ausente. Tem lembranças tão ausentes, como a de morrer, que não vale a pena lembrar. Mas como me esquecer na ausência? Longe do fim, perto de mim.