Blog da Liz de Sá Cavalcante

Ininterrupto (não interrompido)

O sentir é apenas a percepção do nada, que não pode ser interrompida, nem mesmo pela vida. Interagir, enquanto o sentir não é luz, e a escuridão é o prazer das estrelas, que se buscam sem a escuridão. A vida é só, na luz, na escuridão, mas não é só dentro de mim. O ser afasta o prazer da escuridão pelo desprazer da luz. Luz é falta de alma. Desesperar-se na luz de morrer, como se a vida fosse partir. A morte perde sua luz como se perdesse alguém. Lembra-se do que é sem luz: nada. A morte escuta poeticamente a minha alma. Desenho-me sem minha imagem. Sei como sou pelo que sinto. Mas minha imagem não é o que sinto. Sinto como se eu fosse a perda da vida. Nada mudou com perdas da vida, mas o silêncio se comunicou, enterrando a vida. Foram tantas palavras por viver, que elas não conseguem dar um fim à vida. O silêncio faz a vida se lembrar dela. Tudo parece quieto, nunca morto. O que foi perdido por viver não está mais perdido. A morte vai dando lugar à sensação, que se torna um ser.