Blog da Liz de Sá Cavalcante

O isolamento do nada

O nada se isola de mim, não de si mesmo. Nada importa sem o isolamento do nada. O nada vê melhor o sol no seu isolamento do que na companhia do amanhecer. Sonhar é distante do que sou, do que faço: nem mesmo a escrita pode ser sonhada. A essência da escrita é nunca ser lida. Assim, nunca lida, a escrita é a essência dos sonhos. Lembro-me dos sonhos, posso descrevê-los com amor. Sonhar é despedida, que não se isola da realidade. A vida não perde nenhum sonho, é por onde tudo começou. Viver de sonhos é deixar de sonhar. Como deixo de sonhar dentro de mim? Eu devia sonhar dentro do sonho, apegada a esta falta de mim, que é como um sonho. O nada não se isola, sonha.