O ser é um mistério, que nem o próprio mistério desvenda. Nada de mistérios sem o ser. O ser não é de ninguém, respira esse ninguém, como se ele pudesse existir. O nada interior é o ser, o exterior é ninguém. Se o mundo pudesse acolher a existência, não seria mais mundo. É um mundo de ninguém! O mundo é o abandono do humano no ser. Longe do mundo, nós, eu e a vida, somos seres de nós mesmas. A realidade é uma vida sem mundo, sem ser. Merecemos outro alguém, não nós mesmas. É o amor do outro a minha realidade. A alma é uma coisa estranha na minha pele. Morri da minha pele, minha alma me enterrou na morte da minha pele, como um rompante de lágrimas. O sorrir do sol na beira das lágrimas é a minha vontade de viver. Eu sonhei que nós nos afogamos em nossas lágrimas, descobrindo juntas a tristeza da solidão, numa profundidade diferente do céu, das estrelas. Tudo morreu, também morri, sem céu, sem estrelas. Apenas eu, sozinha por sonhar. Sonhar de morte esta alegria, que acabou como um sonho.