Apenas o nada sabe o que é uma lembrança. O verdadeiro não se sente verdadeiro. A consciência demora a surgir, como se esperasse o sol ficar dentro dela. Mas o sol é apenas a esperança de ter consciência. A consciência serve como alma. O silêncio é ferido de morte pelas palavras. A voz não é certeza de existirem palavras. A voz é a falta de palavras. Eu renunciei a distância do vento, das horas, pela eternidade de sofrer. Antes que eu perca esse tempo, distante das horas, vou morrer, como se houvesse tempo nas horas. Sofrer pela distância de mim é não ter essência em mim. A distância vive por mim o nada que eu sou, para deixar de ser distância e se tornar uma realidade distante, como a força do amor, que transforma a distância, o amor, no abismo de mim. Coloquei flores no abismo, para afundar sem o abismo, talvez isso seja percepção de viver por mim como vivo para os outros. Posso dar adeus à morte, sendo a minha morte.