A carência de alma é por onde a monotonia é segura, no sossego eterno de amar, que esclarece a falta de alguém que amo apenas no pensamento. Meu pensar me distancia de ti, e me sinto feliz de tê-la no pensamento na forma de um adeus. A distância cessa a carência. O adeus é uma maneira de esconder o que realmente existe em ti. A ausência se faz existir sem ausências, sem amor. Não existe amor ausente. A ausência é um recomeço de ser, como uma luz que invade a certeza de viver, como o sol a cessar a paisagem, digna de ter sol. A dignidade do sol é a escuridão. Pareço abraçar a escuridão e suspirar com o sol. O sol aquece a alma do amor. Expandi meu ser no nada, na solidão, que quer me dizer algo, que escutarei ao morrer. A solidão é o fim da monotonia de conviver. Tudo é monótono, até o amor. Eu sorri para mim, foi como se me desejasse em silêncio, para afastar de mim essa vontade de querer, é apenas uma vontade, não é querer. Querer é não ter vontade. A vontade torna o querer diferente de ser. Tive muita vontade, nenhum querer. Querer é a única realidade, que não foi esquecida pelo seu real. O destino não é real em mim. A vida foi como abandonar a falta de mim, para uma vida melhor, uma poesia tão perfeita, que me faça chorar de alegria. A única alegria é a poesia. A alma não é eterna, é dor. Ao partir, torna-me a dor de seu amor. A única coisa que ao tocar fiz viver e me fez viver foi a alma. Inundando a alma de pensamentos sombrios, ainda é minha alma. Alma, minha maneira de te esquecer para sempre, onde a minha lembrança é apenas alma.