Aprisionar-me em morrer é pior do que morrer. É como possuir o sol. Sinto-me no olhar de quem morreu, para não me sentir no olhar da morte. Tudo isso para ter meu olhar, que se derrama fragilmente na morte, como um novo olhar. O único morrer é a falta de mim. Apenas pelo medo de mim, do meu sofrer, vejo o sol amigo da vida, do meu sofrer, que é minha vida. Eu deixei o sofrer vazio por mim, de mim. Um só coração não morre, torna-se o encantamento de sofrer. Cuido melhor da vida morta. Morrer aconchega a alma, como se não existisse nós. Apenas a inconsciência não me vê como nada. A inconsciência de mim é a vida, é o amor. A presença da alma no ser é intolerável, é como morrer. Morrer se ama por completo. Mas nada me dirá o que sou. O nunca mais é o sempre. A ilusão do sempre é o fim da realidade. Eu amo o fim como amo a mim.