Blog da Liz de Sá Cavalcante

Dividir o infinito

É melhor cessar o infinito do que dividi-lo em várias pessoas. Tudo que é bom tem fim. O ruim é infinito. As almas de quem vive são mortas, as almas dos mortos estão vivas. Ninguém amamenta a alma do nada, a alma do nada é um abismo de luz, que cresce no olhar defeituoso do amor. Vivo para a vida, jamais para mim. Como viver para mim sem o sofrer da vida dentro de mim? Apenas a bondade faz o bem sem precisar de amor. Amor é fácil, difícil é agir com bondade, como se a frieza do silêncio congelasse a alma no calor humano. Ninguém me impede de escutar a alma, da mesma forma que não impede a vida de viver. A vida é um instante, em que luz e amor se confundem, esclarecendo o céu pela sua escuridão. Escuridão que vi se iludir, na luz do nada, onde apenas o silêncio conduz à luz da alegria, com a nostalgia de um abraço. Iludi-me sem ilusão. A ilusão de quem morre é querer morrer mais ainda. O ser tem várias mortes, para morrer uma única vez. Eu vi a morte abortar a vida dentro de si, para ser morte. No início de morrer, há muitos sonhos, que morrerão apenas se a morte morrer. A morte rouba meus sonhos, mas eles existem apenas em mim. A realidade é feita de tantos nadas, que, lógico, é boa, é real. Assim, dividi o infinito com todas as realidades, menos a minha, que precisa de um fim. Talvez esta seja a realidade de ser feliz: aceitar o fim como um pedaço de mim.