Blog da Liz de Sá Cavalcante

Mãos que curam pela invisibilidade do ser

A consciência tira de mim o que ainda sou, como se minha insensibilidade em existir fosse mãos que curam. Não posso pedir nada à vida, ao amor; que eu seja permanência da vida, do amor, onde existir apenas morte, dor. Desistir de ser, num eterno morrer, como se o céu fosse descoberto nas minhas mãos, eternas de poesias. A invisibilidade é cura da alma pelo ser que existe apenas na invisibilidade da alma. Ausência é o ser sendo descoberto. O ser não tem nada de ser, é apenas onde o nada pensa existir, pensa ser, mas nem o ser é. O tempo continua pela inexistência do ser. A vida é o ser que falta em ser. A vida é o fim do ser, a morte é o renascer infinito de mim. O renascer não tem eternidade, tem palavras de eternidade. As palavras, consolo para a eternidade, de que a eternidade não desapareceu completamente, ainda existe nas palavras. Sorrir em palavras é mais do que pude sonhar, amar. Aproveitar o nada, enquanto ele existe para mim, como o amanhecer mais lindo, pleno. A imagem se perde em mãos que não conseguem tocá-la. Se as mãos a tocassem, a imagem seria apenas mãos, que, de tanto curar, as mãos adoecem. As mãos da fala é o silêncio, é o que perco por falar, amar, existir.