Blog da Liz de Sá Cavalcante

Memória inútil

É inútil lembrar se não sinto as lembranças em mim. Por mim, não existiria lembrança. Não há lembrança, nem mesmo do amor. Lembrar como alma não me faz ter alma. A lembrança é uma forma de deixar a alma por vivê-la. A alma se rasga na própria presença, dilacera-se para ter uma lembrança. A lembrança é frágil, como uma pedra jogada no rio. O tempo, consciência do nada, é o real passado do ser. O tempo é o que já aconteceu sem nunca ter acontecido. A morte do tempo é o ser.