Pobres versos, meus versos não transcendem, voam sem asas, sem ser livres. Restos de mim se tornaram solidão, sem poesia, por isso são poesia. Tudo se diz num adeus. O adeus me escuta sem solidão. Não dou esperança ao adeus de ser o seu adeus. A solidão da alma é a minha falta de adeus. O adeus de um sonho ainda me faz sonhar pelo seu adeus. Não há adeus sem sonho. Tudo floresce sem a esperança. A alma é tão pequena, frágil, que nunca se perderá. Dou conta da esperança de ter alma, mas não dou conta da alma. No sonho, a alma é o universo. Ouvir minha voz me ajuda a viver, é como um silêncio infinito de voz, que precisa nascer, como o mundo e a vida nasceram. Nasci da minha voz, emprestada da vida, da dor. A dor é inalcançável, não há sofrer em falar. Por isso, eu falo. Mesmo que ninguém escute, eu me escuto.