Regredi ao passado da minha imaginação, como se eu pudesse ser onde nunca serei. Deixei de ter existência para ter um passado. A nostalgia passa com o silêncio, fica apenas o sentimento de não ter vivido como perda, e sim como reparação. Estar disponível à realidade não é ser real, algo mais forte que eu, que a realidade, a vida, a morte, protegeu-me de mim. Eu chamo esse algo de respirar, tão livre, é como se eu não existisse por mim. A morte é o que não devia ser, aprisiono-me em morrer. Amanhã é dia de não morrer, por hoje morri, por perceber que a vida é possível.