A morte tem o rosto tão perfeito; não quero ter o seu rosto, que se esconde de tão perfeito. Tento abrir os olhos sem me ver. Há silêncios que não estão na alma. O silêncio está no próprio silêncio. A alma são palavras. Sonho com a morte, como se nela houvesse palavras. Não há. Almas quebradas como vidro a se partir é sorte na vida. A vida é ausência de presença, que te fez presença, alegria, na minha tristeza. Não vou parar de amar por tu não me amares. Ver a vida com os teus olhos distantes, que furam a vida sem ausências. Dá para fazer eu viver? Nem em sonhos. O tempo é a vida dos sonhos. Sem o tempo, a vida é real. Esqueci o rosto da morte nos meus sonhos, acordei morta, sem ver o rosto da morte. Antes, eu via e era feliz. A vida nasceu desfigurada, mutilada. Não consigo me amar como ausência de morte. Confiar é esquecer ou perder a vida. Penso pelo sol, para ver a lua.