A vida não morreu como tinha que morrer: como o fim de uma lembrança, que me traz de volta ao mundo. Há almas que não se procuram e se encontram. Outras se procuram tanto que não se encontram. Nada se entrega à alma. Deus é mais do que alma, é amor. O luto do nada na vida é o meu infinito particular. Sou invisível para minha alma, mas não sou invisível na alma. Tudo desaparece sem as minhas cinzas, como se elas fossem feitas de alma. Antes que eu me despeça da morte, prefiro morrer, não para mim, mas para a morte. Apenas a morte me faz ver a vida com amor. A alma queima por dentro de mim. Nada ficou no lugar da morte, que, impassível, quis mesmo ser esquecida. Eu sou tão esquecida o quanto amo. Amo para não ser esquecida? Não! Amo para superar minhas perdas, superar-me de mim, ser uma pessoa melhor. Onde há vida, há esperança. Não a deixo inexistente. Cultivo minha esperança, como se eu tivesse a eternidade para ser feliz.