Amor é guerra de desistência. Lutar por mim, no que desistir por amor, essa é a minha guerra interior de paz. Guerra e paz, e despreparar a alma para a vida. A vida não é guerra e paz, ela é o ser. A tristeza acaba, sem guerra e sem paz. Deixa-me beber a morte, sem o gosto da água do meu amor. Fico feliz, por perder a alma, em encontrar o céu como sou: frágil, sem alma, em mim. O céu, sem minha alma, é plenitude de viver. Minha alma cessa o céu no meu aparecer. Meu aparecer é ser. O céu das mãos é o tocar invisível de ser, como uma poesia, intocada na alma. O tempo é a guerra da alma. Perder a alma, o ser, a vida, pela poesia é amor. Amor que não se preocupa em ser, em viver. A alma se vê; não me vejo em mim, nem mesmo com a alma me dando motivos para me ver. Tudo desaparece por ser visto. Dou voltas em mim, à procura do meu ser, como se a única saída fosse ser. A vida é a falta de mim; se eu cessar a falta, cessa a vida. A monotonia é uma ilusão. Ninguém consegue amar da mesma maneira sempre, ser sempre o mesmo ser. As coisas, o amor, são sempre o mesmo, muda o que sentimos por eles. Ainda há almas que se sentem, sorriso que me consola, sem me amar. Percebo que amo por nós duas. Não percebo que morri, fui puro espírito sem espírito. Guerra e paz acalmam-me de morrer. Enfim, eu!