A vida, sem partir, não é vida, é liberdade de um sentimento que não devia existir. Eu sou a vida de todo sentimento, sou o amor que silencia o silêncio, sou tua paz, teu tormento. Sou o tempo que resta de vida, sem minha poesia. Sou o canto silencioso da morte. Sou teu coração, vida, a querer viver como eu. Silêncio não é paz, mas é o meu silêncio, minha paz, que fala, clama mais alto o meu amor. Apenas não sou a fala da morte, por isso suspiro eternamente por mim, sem me imaginar mais falar, por isso suspiro, eternamente só. Mas meu suspirar são lembranças sem fala, que ressuscitei ainda a dizer apenas eu. Essas lembranças inexistentes, fantasmas que rondam, como se tivessem existido. Por isto existo: por nada.