A alma não está no abraço, mas é a realidade de um abraço que torna a presença da alma real. Tão real, é como se eu me visse nesse abraço. Criei a imaginação, que me esmaga de tanto abraço. É necessário deixar o abraço na vida, não em mim. Olhar afasta a realidade, como sendo um olhar a mais, nunca um novo olhar. Um único olhar explica a vida. Na falta de abraços, abraço meus sonhos. Sonhos evaporam com vida, sem o infinito de ser. Tive saudade de sentir saudade, pois sei que o tempo retornará. Não precisa retornar por mim, fiz do tempo palavras. Sou visível na alma, onde nem a morte me fará desaparecer. Morte, foste tranquila no surgir de um desaparecer. Vida, como conseguiste me amar sem amar a poesia em mim? Mas não conseguiste transformar minha vida em morte, como uma poesia que não foi jamais escrita. Escrevo respeitando a vida. A falta de morrer é o fim da escrita. Escrever é vida.