Parte da minha saudade é ausência, parte da minha saudade é plenitude. Para expressar o inessencial, tenho que morrer? E se o inessencial for o melhor de mim, que amei bruscamente e só? O morrer faz falta? O que há em mim que não me deixei morrer? Estou viva num corpo de morte? Morrer do princípio ao fim ressuscita a vida no que não está perdido, a vida viveu no perdido de nós. Nada mais está perdido, a vida se encontrou nos meus achados de achar algo no perdido. Correspondi ao teu adeus, sem o silêncio da alma. Há o que dizer nesse adeus, mas não há o que dizer sem adeus. Quando não houver mais estrelas no céu, é porque não há mais ausência no adeus. O amor é ausente da minha ausência. A ausência é apenas o vento se apertando no sol, essa angústia é viver. A ausência faz a alma viver comigo. Não sei se é pela ausência ou por mim que a alma ficou em mim, ela está em mim, sinto-a como perda de mim, mas esta perda não me deixa só, tudo, todos me deixam só, apenas a perda me faz companhia, mas a alma não me perdeu, apenas eu a perdi no teu sorrir.