O que faz a diferença não é o ser, mas a poesia que existe dentro de mim faz toda a diferença entre ser e não ser. Não sei se quero mais ser, mas quero sentir a poesia, mesmo sem o amor insaciável de escrevê-la. Sem dar vida à poesia, ainda vivo? Sim, pois a poesia me ama, separada do que sou. A alma que chora não é alma, alma encontra força na dor. O ser se derrama em alma, mas não necessita da alma. Há alma na alma. A lembrança permanece como alma na lembrança da alma. Alma é a liberdade da vida. Ter alma para a liberdade sonhar na alma. A dor surge da permanência, mas a permanência não é um sofrer, é essa alegria eterna, onde chorar se diminui. Há alegrias que choram, por isso a alegria tornou-se insignificante. O prazer de ser meu próprio nada cessou o amor, como um sol que necessita das sombras. Vultos da sombra a expandir o céu, como canção da imagem. A imagem não é o ser, é o seu fim. Fim que não ofereci ao céu, quis criar meu próprio fim. Um salto para a vida é o tempo ao invés de mim, que envelhece. Não importa o que sou, e sim como sou. A imagem se transforma no meu olhar, são os destinos do mundo, que recolhem as imagens perdidas, como se elas lhe fossem o céu.