São tantas mortes na alma, por não morrer. Tantas mortes sem o ser, enterradas na alma, seria melhor morrer? A morte do corpo são lembranças eternas. A morte da alma é o fim da vida no meu esquecimento. Posso não morrer no passado, como o fim do passado, sem descanso eterno. A morte é o passado não morto em mim. Eu liberto a libertação, mas não a liberto sem morrer, sem o refúgio de ter sido, sem saudade. Tenho certeza de que a união de mundo e almas não me separará de mim, nem mesmo comigo morta! Iludir a ilusão, de que sou sua morte, seu adeus, é me agarrar à falta do tempo, como se fosse ilusão a falta do tempo, na vida deixada por mim, ficando em mim. A eternidade desapareceu na ilusão. O nada, lembrança eterna de ser, existe, afundando como o nada, boiando no nada do mar, que não é vida, é apenas o infinito de mim. Não será o infinito do mar que cessará a minha infinitude de ser. A eternidade é uma forma de me dizer adeus com amor. Sopro da voz de Deus no meu silêncio, fonte do meu respirar, que são pedaços despedaçados de mim. Respiração despedaçada me ensina a respirar aos poucos, como se eu fosse um resto de ti, no respirar em ti.