A alma abstrata é a vida da alma real. O sol queima por dentro de mim, numa realidade sem alma, por isso consigo me lembrar do real em plena realidade. A alma é só sem abstração. A solidão da alma afasta o nada. Tudo pelo nada de mim. A solidão protege o real do irreal: de solidão em solidão, me constituo. Se eu não me perder, me perderei mais ainda, como se fosse a alma em volta de mim. Mas, a alma se fez só, como o sol que não aparece. A vida destrói sua própria imagem, como se ela tivesse um lugar no próprio passado. A ausência da alma é a alma; a ausência de mim jamais será minha alma. A infelicidade faz existir o não ser, como se fosse o ser, e o ser como se fosse nós. Me deparar com um ser inexistente é mais real que me deparar com um ser existente. A falta de adeus não é falta de existência. O tempo é uma falsa existência. O mundo é mais existência que a vida. O mundo é eterno, a vida não é. Posso fazer da eternidade minha existência. O eterno esconde a eternidade na existência. A ausência é realizável na emoção: maior ausência que se pode ter, que torna a emoção contornável. Amo apenas ausente de mim. A falta é uma ausência do ser para a alma. A ausência supera o ser. Não há ser no ser, mas o ser é um ser.