Blog da Liz de Sá Cavalcante

A humildade da vida

Ser só não é uma condição, é destino. O agora não é vida, é a dimensão do infinito, que leva o amor para longe. O amor é a distância do meu ser, para o meu ser. Sem o amor, não há distância, há a proximidade sem amor, como um sorrir que precisa acontecer, se libertando da vida. Me libertei da vida, pois a vida não tem libertação. Dialogando, se chega à consciência do nada; sem dialogar, se chega ao vazio. O vazio de estar comigo sem palavras me tornou palavra. Sendo eu, numa alma incapaz. Ser não substitui a alma, o amor da alma. Não sou exterior a mim, para isso é preciso existir. Existir, para que exista o mundo no exterior de mim. O interior de mim é sem mundo. O mundo interior é o nada no meio do mundo exterior. A realidade não tem interior nem exterior, não é o agora, nem o antes, nem é o depois. É um tempo único, que não dá para viver. Vivemos num tempo fugidio. Nada é inseparável do nada. Necessito da falta de amor, assim como necessito respirar, viver. Não quero ir além de ser: isso é morrer, pelo que aconteceu em ser. Para preservar meu ser, tenho que ir além de ser, não sendo meu ser.