Blog da Liz de Sá Cavalcante

Sou grande demais para mim

Nada quero, a vida é pouco para mim. Um vendaval de flores, amor, onde me sinto pequena em mim. Eu não sou nada, nem sol, nem chuva. Sou o desperdiçar da chuva, do sol, na dor ainda quente, fervendo de vida. O desejo esfria ao ferver. Há uns nadas mais desejáveis do que ser. Para ser feliz, é preciso banhar o sol de chuva e a chuva de sol. O exterior da alma é a alma. A alma não tem interior. O desaparecer é vida, amor, onde o nada aparece, como resistência da vida. Nada resiste à vida, nem mesmo o nada. O que existe tem a existência do nada, que dá mais medo que a existência da vida. Para ser eu, preciso da existência do nada; para ser a vida, tenho que ser a existência da vida. Mudar de existência não é mudar de morte. A morte é um despertar, que torna o nada vazio. Nada se vive sem despertar, apenas o sonho desperta o despertar.