Mesmo intensa, a realidade não me preenche, não é como caber em mim. A realidade não é qualquer sentimento, é o reconhecimento de Deus no meu sentir. Tenho mais do que amor: tenho Deus. A essência da morte não é morrer, é dizer adeus ao conhecido, como digo adeus à morte. A alma não contém desespero, o desespero contém a alma, como mergulhar nas cinzas da morte e conseguir viver: aquelas cinzas nunca serão as minhas cinzas. As cinzas colorem a vida, parece familiar a cor do nada. A morte, exatidão do ser, num sofrer sem abismo. Detrás da cor do nada, acumulam-se sofrimentos. Detrás da simbologia do nada, o vejo como eu. Mas, detrás do nada, não há mais o nada. Eu vejo, amo o nada, sem o nada. Não seria o nada que devia me amar? Será que o nada ama diferente de mim?! O nada, razão para existir amor. Mas, o amor precisa de razão para existir? O nada me fascina, me embriaga de amor. Amor que pensei nunca encontrar. Desde que incorporei o nada, não há mais vida, amor. Por isso, o amor não pode condenar o nada pelo seu fim. O sol é apenas uma gota do nada. A frouxidão da morte deixa escapar o ser, fica-se apenas a perda de não morrer.