Minhas cinzas fazem meu corpo durar em não existir. Meu próprio amor tem medo de ficar sem mim, de eu morrer. Compreende-se a vida como o nada, eu vejo a vida no nada como um corpo. A alegria do nada é tristeza para o corpo, mesmo o corpo sendo o nada. Sentir o nada é a vida inteira sem o prazer de sentir o nada. A vida são pedaços de tudo, que não cabem na vida. Inadmissível esta convicção do nada, que não há pedaços de vida, há apenas o nada, de vida nenhuma. Esquecer o nada da vida, pelos pedaços de alguém, nesse alguém, que não conhece o nada, a vida. O amor se perde, se conquista no nada. O nada me lembra uma flor a desabrochar no seu nascer. Apenas o nada se lembra de mim. O nada não está em qualquer um. É raro o nada, é como ter essência na saudade do nada, minha única esperança de existir, como sendo a saudade do nada. Nada me falta, apenas eu e o nada, onde tudo importa sem a vida, que não é o nada, não é ninguém.