Blog da Liz de Sá Cavalcante

O insonhável dos sonhos (que não se sonha, não se pode imaginar)

Imagino o inimaginável. Nos meus sonhos não imagino, nem mesmo o inimaginável de sonhar. A falta que faz imaginar cria a loucura, como se fosse imaginação, sonho. O não sonhar são meus sonhos. Minha ausência é tão grande, que não existo na minha inexistência, que é toda existência possível dos meus sonhos. Sonhar não é existir nem não existir, é a falta do não existir para o existir que permite o sonho penetrar na morte, que é a pele da vida. Escrever faz da alma um isolamento sem solidão. O sol é uma poesia que se desmancha nas mãos de quem o sente. Sonhar, morrer, viver, é o mesmo sonho, que se aproxima do sol em silêncio, para enaltecer a ausência do sol, que escurece a poesia, lendo-a cegamente na falta de mim. A presença de escrever é mais corajosa, forte, que o sol, pois consegue na escuridão ver a sombra que reflete a luz do saber. Sei das sombras, que me tornei sombra da sombra de mim, onde o sol nunca desaparece. Ele vive das suas cinzas, ilumina até suas próprias cinzas, na esperança de ter, alegria, da mesma forma que ele amanhece.