Andando em sonhos, não sei a dimensão do infinito em mim. A falta de amor é eterna, enquanto dura o amor. Andando em sonhos, descubro o fim sem sonhos. A vida é andar sem sonhos, tropeçando de realidade em realidade. Meu olhar desaba, mesmo assim sonha, para se destruir. O corpo sem sonhos não existe. Eu sou a realidade do meu corpo, sou sua única alma. O corpo sem corpo sai de dentro da alma, para o mundo. As palavras perturbam o nada, anulam o ser. O ser não renuncia as palavras como mundo. O mundo não se explica, fica confuso com explicações. Apenas a vida pode explicar o mundo. O amor é um mundo desconhecido, visto como uma ameaça ao mundo. A alma tem corpo: o corpo que meu ser sonhou para mim. Sombras, para viver a imagem do meu ser, é apenas uma maneira de te ver sem encontrar. A falta afasta a sombra do pensar, mas não afasta a imagem. Guardando o sentir, ele se perde. O sentir é distante do corpo. O corpo, fim do sentir, existe na inexistência da alma. Apenas a alma sabe quando é luz ou escuridão, por não ver a luz e a escuridão. Existir para a escuridão é existir mais do que a existência. Andando em sonhos, desvendei o infinito, sem abraço, sem amor. Daria minha solidão pela solidão do infinito. Eu sou só, meu amor não é só, ama. Cuido da solidão do meu corpo com a impossibilidade de ele existir. Para que existir, se sou tão só, que não sinto a inexistência do corpo. O corpo sem vida ainda é um corpo, uma alma sem vida não é mais alma.