Blog da Liz de Sá Cavalcante

A vida é um obstáculo que a alma tem que vencer

A alma vence a vida com amor. A vida não se sente derrotada. Não se unem, mas se querem. Deixo a alma girar como morte, até cair na vida, brotar do chão que a terra invadiu. A alma do corpo: é sem melodia, é apenas barulho. A alma da alma: é silêncio. Não vou tentar trazer a alma para perto, como se toda alma fosse o meu silêncio. Perto de partir, longe de me deixar. Escrever na alma o que a poesia não possui: o amor eterno por ti, alegria. A vida escreveu no meu corpo a ausência da minha alma. Me sinto mutilada, a alma morreu como se fosse poesia. O que me ausenta de dormir não é este ficar, é sim este morrer. A vida é absoluta, como uma morte sem voz, sem explicação. Vulto do nada, me traz a morte pura, verdadeira, que esconde o infinito do resto da vida. Mas, a morte se pronuncia, sem voz, fazendo-se agir, numa vida onde apenas se fala. Quem sabe, ao falar, as minhas lembranças conversem comigo. Falar é nada saber. Não importa se a vida é em vão. Meu sorrir traz de volta a vida. A vida é o que o tempo lembra de si mesmo. Talvez, a morte não queira olhar para mim, mas olhei para a vida apenas por ver a morte. São olhares, momentos, diferentes, que se encontram na alma, no inacabado de ser. Morte, olhe com vida, mesmo que não olhe para a vida. A alma, único olhar…