A alma do que ficou em mim é como poesia sem poesia. Não dá para reduzir o corpo ao nada. A alma é a alma do que ficou em mim, sem isso ela não é nada. Se a alma do que ficou em mim for apenas a alma, nunca mais serei só: terei em mim uma alma, do que não ficou em mim, pois não posso senti-la em mim. Sinto esse momento de alma, que não é a alma. Ter sido não faz da alma uma alma. O ser não é vida, é vida do seu desespero. A alma perturba seu desespero. A alma é a vida de todas as vidas, deixa os pássaros voarem sem o céu, em busca de suas vidas, vidas encontradas sem destino, no voar eterno, desse empalidecer de amor. O que ficou em mim da alma é o meu voar sem asas, pela liberdade de não ser eterna. Para voar, tenho que esquecer a poesia, o céu pelo céu, a morte. A morte precisa ser um adeus, que é livre, como se voar fosse um sonho. Eu conheci o céu da minha liberdade, é o céu mais perfeito, lindo, que eu já vi. Renascer do nada é ter que sonhar como esse aparecer, que desaparece cada vez mais, como um sonho dentro do sonho de ser livre, restou o sonho, como sendo a liberdade do céu, no azul sem fim do meu amor!