Blog da Liz de Sá Cavalcante

Vida anônima

Vida, torna-te vida. Vida, me devolve a mim, que eu sei quem sou para mim e para ti. O anonimato também é amor. Eu tenho um sol que a alma não tem, onde acabam as fantasias e começa o amor. Amar não é imaginar, é ser. A vida se deixa aos poucos, aos pedaços, como podia ser um pedaço do céu, perdido na minha ilusão. O céu tem corpo, não tem alma. Na sombra da minha voz, escuto minha ausência, neste nada de mim. Existir é não escutar a sombra da minha voz, fazer dela minhas lágrimas, que se perdem na ternura da vida. Eu não quero perder minhas lágrimas, quero perder o meu ser, para te fazer feliz. Quero ser mais do que chorar, quero ser um pouco da vida. Que tudo silencie, para que eu escute a voz do morrer e veja que a vida vale a pena, mesmo no seu silêncio aterrador. Quem não quis viver escuta apenas a voz da morte, como se fosse morrer. Esse mar, esse amor, essa eternidade, que faz do morrer o melhor de mim. A sombra da minha voz sufoca a morte, para que eu morra em paz.