Blog da Liz de Sá Cavalcante

Começar sem nada

Começar sem nada. O nada é a única coisa que queria ocultar, é a única coisa que não está oculta em mim. O nada não me isola, me constitui, como se toda companhia fosse o tempo. O meu tempo de ser é sem tempo. O tempo se dedica ao nada, que é o tempo no depois. As idas e vindas da vida são o céu sem o vazio, nem por isso o céu é livre, nem mesmo pelo libertar da morte. Não há antes nem depois do nada. Tudo é o nada, naquilo que me fortalece. A única coisa a lembrar é o nada. Mas, o nada não é o mesmo nada solitário de antes. O começo do nada é o ser, mas o fim do nada não é o ser, é a esperança que renasce como morte. Não comecei sem o nada, comecei sem mim. Por isso, comecei sem a vida, sem a morte, sem o nada, talvez isso signifique não desistir do nada, desistir apenas de mim.